quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Isso aqui não é um poema, é apenas a transcrição de algo que ora leio


Haverão geólogos em um futuro distante...
no futuro podem não reconhecer 
um computador fossilizado, 
mas perceberão que o contorno de seu teclado, 
por exemplo,
é muito diferente de uma concha ou osso fossilizado


Veneza, Xangai, Amsterdã ou mesmo o Rio de Janeiro
estão em locais da crosta terrestre que estão afundando
e deverão ser cobertas por sedimentos,
porções destas cidades serão fossilizadas no futuro
e farão parte do quebra-cabeça
que deixaremos para as gerações
de geólogos de um futuro distante

( Isso aqui não é um poema,
é apenas a transcrição de algo que ora leio )

Poucas pessoas imaginavam
que a Humanidade mudaria a face da Terra
de forma tão abrupta
que poderia ser considerada uma força
de transformação planetária equiparável ao meteoro
que dizimou os dinossauros 
há cerca de 66 milhões de anos

( Isso aqui não é um poema,
é apenas a transcrição de algo que ora leio )

Vivemos numa época
em que as pessoas afetaram tanto os processos geológicos da Terra,
em alguns casos de forma tão permanente,
que estamos criando um novo tipo de geologia,
um novo estrato com fósseis,
um padrão da química nas rochas 
e outras evidências do tipo

O impacto da Humanidade
é capaz de adiar em até 100 mil anos
o início da próxima Idade do Gelo
O último ciclo glacial acabou há 11,7 mil anos,
seria esperado um novo período de esfriamento
em algum momento no futuro,
mas as emissões de CO2 com a queima de petróleo,
carvão e gás estão levando 
a civilização a “pular” essa fase

as alterações radicais 
que a Humanidade fez na biosfera,
tanto com o extermínio 
de espécies de animais 
e plantas
numa velocidade só vista 

nas grandes extinções em massa do passado 
quanto com a sua redistribuição 
pela superfície da Terra,
as alterações que estamos fazendo
na distribuição das espécies de animais e plantas
no planeta é impressionante,
de uma forma muito mais abrangente e efetiva
da que qualquer outro processo geológico no passado

( Só me resta orar, me envergonhar e chorar,
e bater palmas para mim e meus semelhantes,
diante do espelho imensurável do absurdo )

 ( edu planchêz )
numa cama para escrevermos um livro de lábios
Diego El Khouri Van Gogh, 
rapaz, aqui sempre o teu irmão carente,
pensando em te mandar minha orelha de presente,
sei que não vai servir para nada,
misture ela a maconha, 
pode ser que aumente o diâmetro do raio da silibrina,
Bráulio Tavares torto da Paraíba,
assim chama a onda do nosso chá alucinante

muraquitã da aurora



semente a poesia, 
me dá o norte, a cabala da sorte momento,
o retrato vibrato do sax alto da natura respiração

releio as cartas dos meus órgãos 
com os olhos do talento,
somente os olhos do talento me devolvem a vida
que o turvamento coletivo subtrai

na panela do sentimento apanho o cálice
e a corda para amarrar a âncora,
o meu sentimento pai e mãe muraquitã da aurora

adentrando-me no adentrar, na chama líquida,
na corrente de teias, nas folhas de sangue,
no céu do que veio do vento fosco

( edu planchêz )

PÉS


saindo das nuvens do sono, seguro, 
ou quase seguro,
no caminho, na direção do meu outro dia,
do meu outro homem
o certo, é que piso em meus próprios pés,
acredito ser o lugar mais seguro de se pisar

( edu planchêz )

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

ela me orienta


du caralho, 
extrema rajada de leite no germe dela,
a arte, o cinema, a cama dos ventres uivantes,
a testosterona que grita,
a felicidade de fritar o alho e a cebola para ela,
para o feijão com arroz,
para o macarrão, para o frango com batatas
-----
eu a amo porque ela me ama,
me orienta por todas as setas da roda dos ventos,
da roda dos planetas lentos e rápidos,
ela me orienta
-----
a poesia da chama azulada,
da panela elétrica da gente mesmo,
reduz tudo a grãos,
a glóbulos olfativos


  ( edu planchêz )

um planeta humano...



I-
eu sou só, um vaca só se lambe toda,
eu me basto, fiquem longe de mim,
se possível há anos-luzes,
um planeta humano precisa e não precisa de outro planeta humano

os mendigos de amor são os piores,
os que de nada servem

se afaste, não ouse nem olhar para mim,
não ouse,
o que em mim pisca nem acende em você

esse poema é nulo,
nulo é o que sinto por você,
apagado, desvida

os espelho estão quebrados,
quebradas as pontes
que nunca nos ligam

não desejo, proíbo que qualquer ser
faça algum comentário
sobre o que expresso aqui

um planeta humano precisa e não precisa de outro planeta humano

II-
eu não sou só, uma vaca lambe a outra vaca,
eu não me basto, fique bem perto de mim,
há anos-luzes nas nossas narinas,
um planeta humano precisa e precisa de outro planeta humano

os ricos de amor são os melhores,
servem para tudo

mão se afaste, olhe para mim,
ouse,
o que em mim pisca acende em você

esse poema é brilhante,
brilhante é o que sinto por você,
aceso, vida

os espelhos encantados,
atam as pontes
que nunca se desligam

desejo, autorizo que se faça
muitos comentários
sobre o que é expresso aqui

um planeta humano precisa 
e precisa de outro planeta humano

 ( edu planchêz )